
Perdoa, mesmo que não esqueças
O perdão é uma das coisas mais fascinantes que o ser humano é capaz de fazer. O próprio ato revela muito sobre o nosso carácter.
O perdão diz muito de nós. Não estamos a falar de um pedido de desculpa entre irmãos, por exemplo, quando um deles estraga o brinquedo do outro. Perdoar alguém que nos magoou de uma forma grave é um ato contínuo de cura, mexendo com o mais íntimo do nosso ser.
As "marcas" que ficam na alma
É um processo muito duro perdoar alguém que não tenha correspondido às nossas expetativas. Às vezes, até mesmo uma mentira pode arruinar una amizade,um relacionamento, criar problemas de confiança que levarão anos a sarar.Ainda que seja um verdadeiro desafio perdoar, é no perdão deste tipo de ofensas que vemos o verdadeiro poder por detrás do gesto.
Quando dizemos as palavras: "Eu perdoo-te", estamos a conjugar o verbo no presente! Estás a dizer que ainda te sentes afetado com o que aconteceu, apesar de verbalizares a luta interior que enfrentas.
Perdoar e esquecer nem sempre é possível. Não quer dizer que estejas a guardar rancor, mas significa que é difícil lidar com estas "marcas" que se deixam na alma. Perdoar os atos que as causaram é um ato contínuo.
É muito fácil guardar rancor. Mais fácil ainda é culpar a pessoa que causou a tua dor - muito mais fácil do que perdoar novamente. E mesmo que escolher perdoar seja mais doloroso, é muito mais recompensador. Quando pronuncias "eu perdoo-te" queres dizer que estás ainda em processo de perdão.
Avança, mesmo que custe
O perdão é uma escolha contínua porque todos os dias, de alguma forma, o que nos magoou volta a atormentar-nos. E por isso mesmo, devemos mesmo escolher o perdão. Sempre. Porque isso tudo faz parte de nós, da nossa história, e chegará a um momento em que deixará de atormentar tanto.
O perdão nem sempre é um sentimento claro, nem sempre é tão simples como "está tudo bem!". É uma escolha contínua, uma escolha que fazemos mesmo quando não nos sentimos assim. Mas é aí que está o poder do perdão: mesmo que sintamos a raiva a crescer por dentro, mesmo quando somos levados às lágrimas e de joelhos para perguntar "porquê?" - o perdão ainda é uma escolha que podemos fazer.
Sempre que escolhemos não guardar rancor, estamos a perdoar. Sempre que escolhemos não culpar a pessoa em questão, estamos a perder. Sempre que avançamos na vida, em vez de nos concentrarmos nos erros, estamos a perdoar. Algumas pessoas poderão não voltar às nossas vidas, outras mantemos para o nosso próprio bem - nenhuma dessas escolhas diminui o nosso ato de misericórdia.
Eu perdoo, mesmo não esquecendo
"Eu perdoo-te". Agora, amanhã, daqui a uma década. É uma promessa que não vais ficar a moer no passado, mesmo que ele venha ao teu encontro.
"Eu perdoo-te". Como qualquer promessa, podes quebrá-la e voltar para a dor ou raiva. Mas como diz a música "shake it off!".
“Eu te perdoo-te” Porque não acaba. O perdão que continuas a dar aos outros será certamente retribuído ao longo da tua vida.
Marcações: Valores, Família, Amizade, Amigos, Relações, Perdoar, Relacionamento, Desculpa