
O "barco da vida" que a Carminho me mostrou
Na passada terça-feira assisti ao concerto da Carminho e há uma história que a própria contou que não me tem saído da cabeça.
Integrado no Festival OITO24 em Espinho, a fadista Carminho encantou o público num cenário à beira-mar, num ambiente que ela própria admitiu ser "uma casa de fados a céu aberto". Com um cuidado incrível em explicar o "fado" por detrás de cada fado que cantou, há uma história que ouvi nesse concerto e que gostava de partilhar contigo.
Segundo a fadista, a sua infância foi passada no Algarve. Lá, contava ela, ouvia a história de um pescador que teria partido para mais um dia de trabalho mas uma tempestade apanhou-o desprevenido. A tormenta fez com que o barco virasse e que a vida do pobre pescador ficasse em perigo. No entanto, "Alguém" salvou a vida desse pescador e ele chegou são e salvo a casa.
Essa história ficou sempre na memória de Carminho, e quando surgiu a oportunidade de a contar no seu disco "Fado", não hesitou.
Com o passar do tempo, a artista portuguesa chegou a uma conclusão interessante - Afinal não somos todos pescadores?
Neste barco que é a Vida, nas redes que vamos lançando - símbolo do nosso trabalho, das relações que vamos construindo - quantas vezes vamos caindo? Quantas tormentas surgem no nosso caminho? Quantas vezes sentimos que estamos prestes a "afogar-nos"?
E, lá no meio da dor, não há sempre "Alguém" que nos salve? Um amigo, um professor, os pais ... aqueles que, sem saber de onde vem, parece que nos resgatam com um Amor incondicional.
A fadista diz que pensa sempre nos seus pais quando canta esta canção ... Aliás, disse que gosta de a chamar de "oração". E eu lá tenho "rezado esta canção", pensando nas inúmeras coisas boas que Deus, esse Alguém tão especial, me tem colocado no caminho,
E tu? "Oras" por quem?
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