
As "batalhas" entre pais e filhos
Até podes ficar ofendido, mas confesso que ao ouvir certos problemas, sinto mesmo uma grande alegria. Mas que piada isso tem? Estas batalhas terríveis entre pais e filhos estão na ordem do dia. E acabam quase sempre com uma vitória do filho. E dois que perdem contra um (e mais pequeno) dá sempre para rir.
Depois têm graça os diálogos das duas partes em campo: uma afirmação e o contrário da mesma. Já não sou uma criança, protesta o filho. És ainda uma criança, insistem os pais. É o jogo da vida que se repete e continuará a repetir-se. Quando também te tornares mãe e pai, o que é respondes ao filho que vem pedir uma motorizada? Procuremos, pois, desdramatizar este problema com um pouco de humor. Até porque rir faz bem à saúde... não só do corpo!
O «grande» a certas horas
Desta vez o filho gritava a plenos pulmões: Já não sou uma criança! Sei o que é preciso fazer! Ssst! Não digam a ninguém! Poucos minutos antes, a mãe teve de ir certificar-se se ele tinha feito os trabalhos de casa. O mesmo homenzinho ficaria tranquilamente a dormir até às onze, se de manhã a mãe não suasse sete camisas para o fazer sair da cama. Bem! Não vos parece que viver como crianças (quero tudo e não dou nada) e declarar-se adulto é uma forma um pouco arriscada de convencer os pais do crescimento?
Não respondas demasiado rapidamente. Pensa antes um pouquinho.
O medo da mãe
A minha mãe não confia em mim; acha que com a motorizada vou ter um acidente. Escutai esta. Há alguns meses, quando se tornaram notícia os transplantes, um meu amigo brincalhão, ao ver um alguém passar r na sua motorizada e estando o semáforo vermelho, exclamou: Carne para transplantes!. Não venham dizer-me que a motorizada não é perigosa e que a mãe não se deve preocupar. Mas eu já lhe disse mil vezes que serei prudente!. Certas coisas não se devem dizer: é preciso demonstrá-las. Se a vossa mãe viu três pessoas na mesma motorizada, ou talvez a correr com a roda dianteira levantada, não bastam as palavras para a convencer.
As recordações do pai
E vamos agora ao pai, que recorda os dias da sua infância. Vocês não tendes dificuldade em trazer à baila a vossa experiência: Na minha turma todos a têm. E o vosso pai não pode apresentar a sua experiência? As regras de jogo não devem valer para todos?
Não é certamente por culpa tua se há trinta anos ainda não havia o poder de compra que há hoje, mas não é uma ideia perversa lembrar-se que os pais não são estátuas de pedra sem passado.
Quem sabe escutar, será também escutado. Isto vale também para os pais, não apenas para os amigos. E um pedacinho de gratidão não faz mal a ninguém... mesmo para se obter aquilo que se pede! Mas nós queremos a motorizada Não tenho qualquer ilusão de vos ter convencido a renunciar à motorizada. Caramba, se todos a têm, por que é que não a hei-de ter?.Sei também que estás a resmungar Este desta vez colocou-se do lado dos pais! Estás enganado! E fica a saber que este é o melhor caminho para obteres a motorizada ao chegardes aos quinze anos. Como?
Ainda não percebestes? Vamos resumir:
1. Quando pedires uma coisa de grandes, começa pelo menos algum dia antes, a comportar-te como grande, por exemplo: cumprindo o teu dever sem ser necessário que to-lo recordem.
2. Os pais também gostam, como tu, de ser escutados. Eles têm o direito, pelo menos, à mesma paciência e cortesia que demonstras com os amigos.
3. Em vez de dizer que queres uma coisa porque todos a têm, tenti explicar a ti próprio e aos pais para que serve essa coisa.
Talvez acabe por ser desnecessária.