
Será que é amor?
A adolescência é normalmente o tempo dos primeiros amores e do primeiro namoro. E quando se está numa relação a tendência é pensar que é para o resto da vida e que aquela pessoa nos ajudará a realizar todas os nossos objetivos, sonhos e planos e que apenas podemos ser imensamente felizes juntos!
Mas a realidade é bem diferente: na adolescência estamos ainda em fase de crescimento (também a nível emocional) e o que agora é essencial pode não ser assim tão importante daqui por 3 anos (pensa no brinquedo que não largavas quando eras criança e que agora nem sabes onde está)!
Além disso, se nós mudamos o outro também tem direito a mudar! É até fundamental que assim seja: ninguém quer um adulto com mentalidade de criança.
Ter um relacionamento amoroso equilibrado é complicado para os adultos, quanto mais para adolescentes com todas as mudanças a acontecerem. Quando estamos numa relação nunca podemos prever o quer irá acontecer, mas a única coisa que não pode acontecer é o medo e a violência, sobretudo amorosa! O oposto do amor é o medo e se sentires medo do teu(tua) parceiro(a) algo está muito errado! Esse é o primeiro sinal a que deves prestar atenção!
A violência no namoro pode ter muitas formas, mas têm em comum: magoar, humilhar, controlar e assustar!
Violência física – empurrar, agarrar ou prender, atirar objetos, dar bofetadas, pontapés e/ou murros, ameaçar usar a força física ou a agredir.
Violência verbal - chamar nomes (e lembra-te que nomes com conotação negativa nunca podem ser carinhosos), gritar, humilhar (com críticas e comentários negativos como Não vales nada, Não sabes nada ou Não fazes nada de jeito), intimidar e ameaçar.
Violência psicológica – partir ou estragar os teus objetos ou roupa; controlar a tua maneira de vestir, o que fazes nos tempos livres e ao longo do dia ou com quem estás; ligar constantemente ou enviar mensagens para saberes onde estás; ameaçar terminar a relação como estratégia de manipulação.
Violência social - humilhar, envergonhar ou denegrir a tua imagem em público, especialmente junto dos teus familiares e amigos; mexer, sem o teu consentimento, no teu telemóvel, nas tuas contas de correio eletrónico ou nas tuas contas das redes sociais; proibir de conviver com os teus amigos e/ou com a tua família.
Violência sexual - obrigar a praticar atos sexuais, mesmo quando não queres; acariciar (ou forçar carícias), sem que queiras.
Podes pensar que isto é totalmente descabido, mas um estudo realizado em Portugal com 2500 jovens revela que:
- Quase um terço dos rapazes (32,5%) acha legítimo exercer violência sexual
- 14,5% das raparigas não considera violência forçar um beijo ou sexo
- 16% considera normal forçar o/a companheiro/a a ter relações sexuais
- 22% considera normal algumas das formas de violência (física, sexual e ou psicológica).
A maior parte das vítimas de violência doméstica quer acreditar que os parceiros vão mudar e por isso dão mais uma oportunidade porque ele(a) prometeu que vai ser diferente! Mas a verdade é que rapidamente tudo volta ao mesmo, apenas com maior violência! Porque a violência tende a escalar, ou seja, se tens agora um(a) parceiro(a) que te bate a probabilidade de teres um(a) esposo(a) que te mate é bastante elevada. A violência vem de muitos fatores, sobretudo da não compreensão do que é o Amor.
Se estás numa relação violenta, ou conheces alguém que esteja, é importante perceber primeiro que essa relação não é de amor nem de felicidade, mas de muito medo e sofrimento, por isso há que quebrar esse laço. Para teu bem (físico e emocional) é necessário terminar a relação, com a ajuda de um adulto ou mesmo da APAV.
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