
Irmão Roger: um "ponto de luz" num mundo em discórdia
A vida do irmão Roger mistura-se com a história da própria comunidade de Taizé.
Estamos em plena Guerra Mundial, no ano de 1940. O jovem Roger, de 25 anos, decide fazer o mesmo que a sua avó fazia na I Guerra Mundial: dedicar-se a acolher feridos e refugiados. Filho de um pastor calvinista, Roger estudou letras e teologia.
Nesse mesmo ano, depois de pedalar 170 km desde Genebra, Roger Schutz encontrou na pequena vila de Taizé, bem perto da zona francesa ocupada pelas tropas alemãs, uma casinha barata e apropriada para acolher refugiados e feridos, sobretudo judeus. Roger fez isto durante dois anos, em parceria ao lado da sua irmã Geneviève.
Ao saber do que faziam os dois irmãos, obrigou Roger e a irmã a fugir para Genebra. Em 1944, porém, Roger voltou a Taizé e deu início a uma comunidade de estilo monástico, aberta a homens cristãos de qualquer denominação que quisessem viver em comunidade, de forma simples, comprometidos com o celibato e em oração. A pequena comunidade tornou-se, nos anos seguintes, sem qualquer intenção dos seus membros, meta de peregrinação de milhares de jovens do mundo todo e um verdadeiro ponto de luz no caminho ecuménico das igrejas cristãs.
O irmão Roger com jovens em oração
Roger morreu aos 90 anos de um modo trágico – foi esfaqueado por uma mulher romena com problemas mentais, durante a oração da noite em Taizé, a 16 de agosto de 2005, com ais de 2500 pessoas. A celebração de suas exéquias foram o testemunho do caminho de unidade que ele constantemente promoveu e viveu com todas as fibras do seu ser: na eucaristia presidida pelo cardeal Walter Kasper, então presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, a primeira leitura foi lida por um bispo anglicano, a segunda por um ministro reformado e um luterano e o rito da encomendação foi presidido por ministros ortodoxos.
O túmulo do irmão Roger, em Taizé
O legado
A vida do irmão Roger tem imensas histórias que comovem qualquer um. O irmão Alois, sucessor de Roger conta em várias entrevistas
“Nós vimo-lo regressar de uma viagem a Calcutá com um bebé ao colo, uma menina que a Madre Teresa lhe tinha confiado com a esperança de que ela pudesse sobreviver na Europa, o que de facto aconteceu. Nós vimo-lo a acolher em Taizé viúvas vietnamitas com vários filhos, que ele tinha encontrado ao visitar um campo de refugiados na Tailândia"
“Muitos jovens tinham a imagem dele como um homem que estava sempre disponível para os escutar, todas as noites depois da oração, se fosse preciso durante horas. E quando o cansaço se tornou demasiado grande para que ele conseguisse escutar cada um, mesmo assim ele permanecia na igreja e dava a todos os que se aproximavam dele uma simples bênção, pondo a sua mão na testa deles”.
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