
A idolatria da própria raça dos Ku Klux Klan
Compreendi que o contrário da fé não é necessariamente o ateísmo, mas a idolatria, o culto dos ídolos, a absolutização de valores relativos. (Tomáš Halík, 2017)
Toda a história da religião monoteísta é uma luta entre acreditar num único Deus, ou continuar a seguir ídolos que possam colmatar a sede de absoluto do ser-humano. Esta foi a grande luta na libertação do povo judeu por Moisés, e a mesma continua a repetir-se em todas as gerações.
Vemos como a história continua carregada de grupos que se agarram à religião ou à Bíblia para a transformar ao serviço de interesses próprios e das suas ideologias. Um dos exemplos mais barbáricos desta subversão são os Ku Klux Klan, conhecido simplesmente por KKK ou o Klan.
Este nome sintetiza o nome de três movimentos de extrema-direita que surgiram nos EUA. O primeiro movimento/clã nasceu após a Guerra Civil Americana, fundada pelo general Nathan Bedford Forrest em 1865, com o objetivo de não permitir a integração das pessoas negras recém-libertadas na sociedade americana. O nome vem da palavra grega kúklos que significa anel.
Este primeiro klan, por defender a supermacia branca, organizou diversos ataques a líderes políticos afro-americanos. Era um grupo de terrorismo cristão, pois defendia que todos os seus ataques tinham como base o facto de a Bíblia defender a criação de uma raça única e superior. Por isso, ainda hoje, se assumem como cristãos protestantes. Foi suprimido por volta de 1871.
O segundo klan surge em 1915 e estende-se a todo o país na década de 1920. Opunha-se de forma feroz a católicos e judeus, sobretudo por acolherem os imigrantes. Esta organização passou a usar o traje branco padrão, continuou a utilizar palavras de código como o primeiro klan, e adicionou a queima de cruzes e desfiles em massa aos seus rituais. Este segundo movimento chegou a ter no início dos anos 20 entre 3 a 6 milhões de membros. Foi suprimido no ano 1944.
O terceiro e atual klan nasce depois de 1950, com pequenos grupos que voltam a usar a designação de KKK. As últimas estimativas dizem que terá entre os 5.000 e os 8.000 membros. Muitos destes grupos caracterizam-se por serem neonazistas e lutarem, usando violência e assassinatos, todo o tipo de ativistas.
Atualmente, os KKK continuam a ser notícia por um dos seus ex-dirigentes vir defender a política anti migratória de Donald Trump e por várias ameaças aos cidadãos afroamericanos, tornadas públicas recentemente à jornalista Ilia Calderón.
Este movimento continua a declarar que o seu objetivo é apenas defender a moralidade cristã, mas deixam claro apenas aquilo que a citação inicial nos diz: a falta de fé não se demonstra necessariamente em dizer que não se acredita em Deus, mas na absolutização de valores relativos. Por isso, a absolutização de qualquer tipo de ideologia racista não pode jamais ser considerada cristã.