
Trump: tem mesmo poder?
Com a visita do presidente americano ao Vaticano, pode dizer-se que as imagens dizem de facto mais que palavras. Mas então, se a grande maioria apoiava a filosofia política do Obama, se não se consegue estar indiferente aos acontecimentos do momento, como é que o presidente Trump foi eleito num país que se diz a maior potência do mundo? Quão perigoso é ter Trump como presidente dos EUA?
Pode dizer-se que é uma verdade (quase) internacionalmente aceite que a maioria dos cidadãos com acesso a informação tem saudades do Obama. Antes de mais, a dimensão geográfica dos EUA justifica a ampla diversidade de estilos de vida, formas de pensamento, valores e níveis de educação, ao ponto de, entre estados, a legislação ser completamente diferente.
Como os Estados Unidos são um país relativamente recente, o seu governo também o é. Na criação da Constituição, os fundadores tinham sempre em mente um regime político que evitasse uma possível ditadura. Mesmo que alguém com tendências autoritárias fosse eleito, existiam duas opções: ou essa pessoa não ganhava as eleições ou, no caso de isso acontecer, teria poderes limitados.
O governo está dividido em três ramos: o ramo legislativo, o ramo executivo e o ramo judicial. O Trump faz parte do ramo executivo. O Presidente pode aprovar a lei que o poder legislativo tenha apresentado e pode assinar as famosas Ordens Executivas, que podem ser rejeitadas pelo poder judicial ou até mesmo o legislativo (por exemplo, o Obamacare demorou o triplo do tempo a ser implementado devido a isto).
De uma forma muito simples, o principal papel do presidente americano é o de governar o exército , tentar manter a ordem e fomentar relações internacionais. Também pode o presidente escolher juízes para o Supremo Tribunal. No entanto, estas nomeações têm de ser avaliadas e confirmadas pelo poder judicial.
O que torna neste momento o cenário um pouco preocupante é o facto de o Senado e a Casa de Representantes (poder legislativo) serem maioritariamente republicanos – partido pelo qual Donald Trump se candidatou. Preocupante no sentido em que apoiam certas atitudes e ações do Presidente Trump, em detrimento de o manter na Casa Branca. Atitudes e ações que podem ter derradeiras consequências no futuro e na mensagem moral que os Estados Unidos dizem passar.
O partido republicano em si é um partido conservador, tanto a nível fiscal como moral. Tendo a oportunidade de estar nos EUA durante seis meses, percebi que as pessoas recebem informações de diversas fontes, algumas delas não muito confiáveis. Por exemplo, muitos republicanos não tinham o conhecimento que Obamacare e Afordable Care Act eram a mesma coisa. Muitos usufruem desse novo sistema de saúde, mas afirmavam-se contra o Obamacare por ser uma lei do Presidente Obama.
Ora, agora que os Republicanos e o Presidente Trump passaram a lei American Health Care Act, alguns republicanos que apoiam os seus congressistas republicanos, estão a ver-se sem seguro de saúde por diferentes motivos.
É por isso que um dos grandes desafios deste presidente americano é mesmo a diversidade que falava há pouco. Por mais que os Politicos Republicanos queiram o Trump na Presidência, acima disso, querem-se a si mesmos no Senado e na Câmara dos Representantes. E, se as pessoas fizerem pressão suficiente e agirem, depois das eleições de 2018 (Para o Senado e Casa dos Representante) pode-se ver uma alteração na forma como os Republicanos lidam com o Presidente Trump. Esta alteração pode diminuir o nivel de perigo do Presidente, porque também pode diminuir o nível de apoio que ele tem.
Assim, o poder do Presidente Trump está intrinsecamente ligado ao ramo legislativo atualmente. O poder judicial, claramente, já fez a sua posição conhecida. Os ramos do governo existem para se controlarem uns aos outros, para controlar o poder e tentar limitar as decisões irracionais ou, pelo menos, mesmo quando as decisões são tomadas, que elas impliquem consequências no final do dia.
O Presidente Trump pode parecer descontrolado, mas no fundo é tudo Tweets e discursos. Quem está a tomar as efetivas decisões e a controlar são os seus parceiros e o poder legislativo. O seu maior poder são as palavras que usa e o quão desestabilizadoras poderão ser. Mas aí cabe a cada um de nós, ouvir ou não.
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