O que é isso da trovoada seca?

As trovoadas a que estamos mais acostumados surgem associadas a tempo húmido e geralmente até com precipitação bastante intensa.No entanto, a trovoada ocorre, tanto em tempo seco como húmido, devido às diferenças de potenciais elétricos nas partículas do ar.

Isto é, as nuvens acumulam uma grande carga eléctrica associada à água que lá existe (todos sabemos que a água é condutora de água, tal como tantos outros materiais) e quando chegam a um determinado nível, essa carga é descarregada sobre a forma de relâmpagos.

No caso da trovoada seca, o ar absorve a água da mesma forma, mas como o tempo é seco, essa água existe num nível tão baixo que rapidamente passa do estado líquido ao gasoso, levando a uma aceleração dessa descarga eléctrica.

Mas para além destas condições atmosféricas, há ainda outro factor que ajudou a que o fogo se espalhasse de forma tão rápida naquela região… Portugal sofre de um grave problema a nível florestal que é o facto de que numa grande parte do território, aquelas que deviam ser as espécies autóctenes a povoar essa região, são substituídas maioritariamente por eucaliptos e pinheiros bravos. Este tipo de árvores têm, entre outros, o problema de serem espécies com mais óleos vegetais e que portanto ardem mais rapidamente.

As espécies autóctenes (próprias daquela região/clima) têm a vantagem de arderem de forma mais lenta em caso de incêndios e de protegerem de forma muito mais equilibrada a absorção dos minerais do solo e também da sua sustentação. Ao contrário, os eucaliptos e pinheiros que são abundantemente plantados, beneficiam as empresas madeireiras, pois crescem muito mais rapidamente que os carvalhos, sobreiros, azinheiras, teixos, etc. que deveriam ser as árvores que mais devíamos ver no nosso país.   

Fica com um vídeo registado este sábado em Pedrógão Grande, poucos momentos antes do incêndio começar: